O desabamento do lixão em Padre Bernardo, no Entorno do Distrito Federal, contaminou o córrego Santa Bárbara e em seguida o rio do Sal, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). A secretária da pasta, Andréa Vulcanis, esclareceu que apesar da proximidade do rio Descoberto, a contaminação não irá afetar o abastecimento público da cidade de Brasília. De acordo com a Semad, o local foi interditado e não pode mais receber resíduos.
A reportagem tentou contato com a empresa responsável pelo local, mas não teve retorno até a última atualização deste texto.
A secretária informa que apesar da área atingida não afetar o abastecimento público, a situação é grave.

"Aqui a situação está muito crítica, muito grave. Foram centenas de toneladas de lixo que desceram e atingiram o curso d’água. Esse chorume que agora começa a escorrer para água provoca muitos impactos ambientais, são danos gravíssimos. A situação aqui, a única coisa que eu posso dizer é indignação", explica a secretária.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/6/B/4zKBhASDClPTIpuaYfYw/design-sem-nome-55-.png)
Desabamento do aterro sanitário em Padre Bernardo, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
A secretária alerta para que todas as propriedades que estão localizadas em volta do córrego Santa Bárbara e do rio do Sal não utilizem a água proveniente destas fontes que estão contaminadas, de acordo com os primeiros laudos. Segundo a Semad, apesar de não haver abastecimento público na bacia atingida, muitas propriedades rurais utilizam a água em criações e poços de abastecimento residenciais.
A Semad informou que a pilha de lixo segue instável e que há chances de novos desabamentos atingirem o córrego. De acordo com a secretária, equipes da pasta seguem em campo tomando as medidas administrativas e judiciais cabíveis, além do levantamento dos danos causados e medição do risco de novos desabamentos.
A secretaria ainda alerta a população que vive nos bairros ao redor do lixão sobre o risco de transmissão de doenças. Devido à pilha de lixo aberta, vetores como insetos, urubus e ratos são atraídos ao local e depois podem ir para os bairros.
Desabamento
O desabamento do lixão localizado em uma área de preservação permanente, em Padre Bernardo, aconteceu na quarta-feira (18). A Semad e o Ministério Público de Goiás informaram que o lixão funcionava sem licença e sem os estudos ambientais exigidos por lei para a operação adequada.
“Não nos pegou de surpresa, pois já era uma tragédia anunciada. Isto porque o Ministério Público de Goiás juntamente com o Ministério Público Federal tem uma atuação integrada e firme no combate ao funcionamento do lixão sem licença ambiental, que tem cometido vários danos ao meio ambiente e à comunidade local”, diz Daniela Haun, coordenadora da Área de Meio Ambiente do MP-GO.
Segundo a nota divulgada pelo MP-GO, em 2021 foi ajuizada uma ação civil pública na Justiça Federal de Luziânia requerendo a interdição do lixão, que funcionava sem licença ambiental e dentro da área de preservação permanente. Durante o processo, foi obtida liminar suspendendo o funcionamento do lixão, que posteriormente foi cassada por decisão do Tribunal Regional Federal.
A Semad esclarece que mesmo diante de sete autos de infração e embargos administrativos, o lixão continuou operando com base em liminares concedidas pela Justiça.
No dia do desabamento, a prefeitura de Padre Bernardo emitiu uma nota informando que havia adotado as providências cabíveis, notificando os órgãos estaduais e federais para que sejam tomadas as medidas necessárias com urgência.
Ainda na nota, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) solicitou formalmente a atuação da Semad para a fiscalização e adoção das providências legais para mitigar qualquer impacto social e ambiental decorrente do ocorrido. A prefeitura também reafirmou o compromisso com a preservação do meio ambiente e com a saúde da população, e informou ainda que seguirá cobrando soluções eficazes por parte dos responsáveis e das autoridades.