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Entidades denunciam à Polícia Civil de Goiás atriz Cassia Kis por comentários homofóbicos

Documento faz referência às falas realizadas pela atriz em uma live. Transmissão foi realizada no último dia 21 de outubro.

Entidades denunciam à Polícia Civil de Goiás atriz Cassia Kis por comentários homofóbicos
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As entidades Aliança Nacional LGBTI+ e Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH) apresentaram ao Grupo Especializado no atendimento às Vítimas de Racismo e Intolerância em Goiás (Geacri) uma notícia-crime contra a atriz Cassia Kis por possível crime de homotransfobia. O documento entregue à delegacia em Goiânia, nesta sexta-feira (28), é devido a falas realizadas pela atriz em uma live realizada com a jornalista Neda Nagle, na última semana.

 

"Não existe mais o homem e a mulher, mas a mulher com mulher e homem com homem, essa ideologia de gênero que já está nas escolas. Eu recebo as imagens inacreditáveis de crianças de 6, 7 anos se beijando", declarou a atriz, durante a transmissão.

 

 

A transmissão ao vivo aconteceu no dia 21 de outubro. O g1 entrou em contato com a atriz por meio das redes sociais para um posicionamento, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O documento entregue à delegacia de Goiânia é assinado pela advogada goiana e coordenadora das áreas jurídicas das referidas associações, Amanda Souto Baliza.

Na transmissão, ela ainda afirmou que a "ideologia de gênero" teria como objetivo "destruir a família".

"O que está por trás disso? Destruir a família. Destruir a vida humana. Porque onde eu saiba homem com homem não dá filho, mulher com mulher também não dá filho. Como a gente vai fazer? Se você tem um casal gay é uma coisa, quando eles querem adotar uma criança, mas e quando não tiver mais?", completou Cassia Kis.

A atriz faz parte do elenco da novela das 21h da Globo, "Travessia". Na quinta-feira (27), a emissora se posicionou sobre os comentários realizados pela atriz.

 

"A Globo tem um firme compromisso com a diversidade e a inclusão e repudia qualquer forma de discriminação", afirmou a empresa, em nota.

 

 

Possível prática de homotransfobia

A notícia-crime apresentada à delegacia localizada em Goiânia pede a instauração de uma investigação contra Cássia e que sejam providências para garantia da cadeia de custodia com preservação do material publicado.

Ao g1, o delegado Joaquim Adorno, titular do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância explicou que o documento deve ser analisado até a próxima semana, em prol da possibilidade de abertura ou não de um inquérito.

 

"Qualquer um que se sentir prejudicado pode apresentar uma notícia crime e como foi um crime praticado na internet, ele pode ser investigado em qualquer lugar do país", disse o delegado.

 

 

"Quando você pratica um crime pela internet não há fronteira de consumação e de ofensa", complementou.

 

Além disso, a notícia-crime diz que, em caso de indiciamento, seja encaminhado os autos ao Ministério Público do estado de Goiás com cópia desta notícia crime "para eventual denúncia".

No documento, as entidades caracterizaram as falas da atriz como "extremamente discriminatórias e potencialmente criminosas contra toda a comunidade LGBTI+ do Brasil". No documento, a coordenadora jurídica das associações ainda pontua que as falas partem de um pressuposto que "o padrão cisheteronormativo está ameaçado por pessoas LGBTI+".

 

 

"Na realizade, os índices de violência contra a população LGBTI+ cresce ano após ano, um exemplo evidente disso é o aumento de mais de 80% de crimes sexuais contra a população LGBTI+ registrado no anuário de segurança pública de 2022", diz.

 

As entidades ainda apontam não haver "qualquer embasamento médico ou legal para que a atriz questione a normalidade da questão de gênero, atribuindo adjetivos preconceituosos que infringem a Lei de Racismo".

 

"As falas da atriz são surreais, é assustador que em 2022 uma pessoa pública com tamanho alcance use sua visibilidade para propagar o ódio contra uma população vulnerabilizada", complementou o documento.

 

Ao g1, coordenadora jurídica das associações justificou explicou que as falas podem ser enquadradas na lei de racismo já que atingem toda a coletividade LGBTI+ de forma discriminatória, a inferiorizando, e "criando pânico moral a partir de desinformação capaz de instigar a violência contra esta população já vulnerabilizada".

 

"Isso gera ódio e acaba fazendo com que as pessoas se sintam legitimadas para agir com preconceito. Precisamos que as autoridades tomem algum tipo de medida", acrescentou.
FONTE/CRÉDITOS: G1 Goiás.

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