O pai, suspeito de agredir a filha de três meses em Anápolis, possui quase 20 passagens criminais. Segundo a delegada Aline Lopes, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) do município, no contexto de violência doméstica, são dois registros por lesão corporal, além de ameaça, vias de fato, dano e injúria. Além desses, mais dois por lesão corporal e injúria, três por posse de drogas para consumo próprio, ameaça, injúria racial, bem como “resistência, desacato, ameaça e lesão contra agente de segurança pública”.
Sobre o caso mais recente, contra a filha, exames realizados no último domingo (10) revelaram que a bebê, inicialmente levada a tratamento por suposto engasgo, na verdade, apresenta traumatismo cranioencefálico grave. A lesão, segundo investigação, ocorreu enquanto a menina estava na companhia do genitor.
A bebê de três meses internada em estado grave após suspeita de ter sido agredida pelo próprio pai passa, nesta quarta-feira (13), por protocolo de morte encefálica em Goiânia. Transferida na terça-feira (12) da Santa Casa de Misericórdia de Anápolis para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), a criança permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até a conclusão protocolo, que pode levar até 24 horas para determinar se há ou não morte cerebral. A informação foi confirmada ao Mais Goiás também pela delegada Aline.
“A última informação passada pelo Hugol foi de que, ontem, no início da noite, foi aberto o protocolo de morte encefálica da bebê, mas ainda não nos foi confirmado o óbito”, revelou a delegada.
Em um primeiro momento, o pai, que tem 31 anos, acionou o Corpo de Bombeiros no seu endereço, na Vila Jaiara, em Anápolis, ao notar que a filha não respirava. Aos militares, ele afirmou que a bebê estava no colo da mãe, quando teria engasgado e sufocado. No atendimento na Unidade de Pronto Atendimento, os profissionais de saúde suspeitaram que a bebê tinha sido vítima de agressão. Diante da gravidade das lesões, o pai foi preso ainda no hospital.
À delegada, o genitor admitiu que estava sozinho com a criança no momento do incidente e que a lesão craniana seria resultado da tentativa de socorrê-la. A Polícia Civil, no entanto, investiga o caso sob a óptica de tentativa de homicídio. Em razão disso, converteu a prisão do genitor de temporária para preventiva e analisa como a mãe pode ser responsabilizada no processo.
“Nós não temos indícios de participação da mãe, porque ela não estava em casa no momento. Por outro lado, nós já temos indícios de negligência nos cuidados com os outros três filhos do casal. Eles viviam num ambiente completamente insalubre e gente já tem informações de que esse pai agrediu as crianças anteriormente”, reforça Aline Lopes.
Crianças sozinhas e sem alimento
Para além do bebê, o casal tem filhos com idades entre quatro e 12 anos. Conforme expõe a delegada, apuração revelou que as crianças eram deixadas sozinhas com frequência para que os pais pudessem usar drogas. Elas permaneciam no endereço da família sem acesso a alimentos ou a qualquer tipo de suporte. Após a prisão do pai, os filhos estão sob os cuidados de uma avó.
As investigações seguem em andamento para apurar todas as situações de negligência e maus-tratos envolvendo a família. Caso fique confirmado a morte da menina, o pai poderá responder por homicídio doloso e outros crimes relacionados, como maus-tratos e abandono de incapaz. A soma teórica das penas, desses crimes, pode chegar até 35 anos de prisão.
O nome do suspeito não foi divulgado e sua defesa não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestações.