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Por que uma das maiores produtoras de carne dos EUA está investindo em proteína de insetos

Tyson fechou parceria com empresa holandesa para produzir larvas da mosca soldado-negro no país

Por que uma das maiores produtoras de carne dos EUA está investindo em proteína de insetos
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A Tyson, grande produtora norte-americana de carne bovina, suína e de frango, está apostando em proteínas provenientes de insetos.

O setor vem crescendo nos últimos anos, principalmente pelo potencial produtivo dele.

Para John R. Tyson, diretor financeiro da Tyson Foods, vê oportunidades “atraentes” nesse mercado para expandir os negócios já existentes

A empresa de processamento de carnes disse na terça-feira (17) que investiu na Protix, uma fabricante holandesa que usa insetos na produção de ração para animais.

A Tyson não está apenas assumindo uma participação minoritária na empresa, mas também firmou uma joint venture com a Protix para construir uma fábrica nos Estados Unidos.

Essa instalação usará resíduos de animais para alimentar moscas soldados-negros, que serão então transformadas em óleos e ração para animais de estimação, aves e peixes. A empresa norte-americana não revelou os detalhes financeiros do negócio.

O investimento não planeja o uso das moscas para a alimentação humana neste momento. “Hoje, estamos focados mais na aplicação [da proteína de insetos] como ingrediente do que em uma aplicação para o consumidor”, disse o diretor.

A proteína de inseto, há muito aclamada como fonte de alimento sustentável, ainda não se popularizou. Mas nos últimos anos, o interesse pelos insetos como ingredientes para a alimentação animal tem crescido.

Um relatório de 2021 do Rabobank observou que “a procura de proteínas de insetos, principalmente como ração animal e ingrediente de alimentos para animais de estimação, poderá atingir meio milhão de toneladas métricas até 2030, acima do mercado atual de aproximadamente 10 mil toneladas métricas”.

Naquele ano, a Mars lançou uma linha de ração para gatos feita de insetos, chamada LoveBug.

A Tyson, com sede em Springdale, Arkansas, não fabrica rações, mas vende seus subprodutos animais para uso no mercado de rações para animais de estimação e aquicultura, que alimenta peixes, disse o CFO.

Subprodutos como gorduras animais, peles e proteínas não comestíveis, se não forem utilizados ou reduzidos, podem acabar em aterros sanitários.

Com essa iniciativa, a Tyson pode aproveitar os dejetos encontrados no estômago do gado processado na instalação da Protix, onde o material é usado como alimento para os insetos.

Para a empresa, criar um mercado maior para este tipo de resíduos pode não só reduzir o desperdício, mas também oferecer um maior fluxo de receitas.

Oportunidade de negócios

“Uma característica de estar no negócio de proteína animal é ter que descobrir como obter valor” dos resíduos, disse John Tyson.

“Vemos isso como uma extensão do nosso negócio existente”, indicou o CFO sobre a colaboração com a Protix, acrescentando que o mercado de ingredientes para insetos tem “características de crescimento realmente atraentes que acelerariam a Tyson”.

O mercado de ingredientes para insetos está “definitivamente crescendo a uma velocidade que eu consideraria exponencial”, disse Christine Johanna Picard, professora de biologia na Escola de Ciências de Indianápolis da Universidade de Indiana.

Picard ajudou a criar o Centro para Sustentabilidade Ambiental através da Agricultura de Insetos, uma parceria entre acadêmicos e membros da indústria, que inclui a Tyson e a Protix.

“Há cada vez mais startups entrando no mercado porque há muita demanda por proteínas de insetos”, conta a professora.

A parceria com a Tyson ajudará a Protix a crescer, observou Kees Aarts, CEO da empresa. “Essas parcerias são realmente necessárias para trazer soluções como a nossa para um cenário global”, pontuou Aarts.

Produção mais sustentável

A indústria da carne representa um grande fardo para o planeta, em parte devido à terra, à água e à energia necessárias para cultivar os insumos que alimentam os animais que comemos.

Alguns especialistas afirmam que a redução da pegada ambiental da alimentação animal pode ajudar a tornar a produção mais sustentável.

O investimento em comidas feitas de insetos é uma maneira de fazer isso: esses animais ocupam menos espaço e subsistem com resíduos que seriam descartados.

A mosca soldado-negro “pode se desenvolver à base de todos os tipos de resíduos alimentares e subprodutos que você possa imaginar”, explicou o CEO da Protix.

Essa gestão de resíduos é uma grande parte da razão pela qual os insetos podem ajudar a aliviar o fardo colocado pelo gado e outros animais no planeta, disse Reza Ovissipour, professor assistente em sistemas alimentares sustentáveis ​​no departamento de ciência e tecnologia alimentar da Texas A&M University.

As moscas comem resíduos de diferentes tipos de animais e os convertem em “um produto específico, que será a proteína ou a gordura dos insetos”, reforçou o professor.

“Uma vez lidando com essas proteínas e gorduras específicas, você poderá formular facilmente sua dieta para animais.”

Quando os insetos comem dejetos animais, eles servem essencialmente como “minibiorreatores”, conta Ovissipour. “Esses minibiorreatores são muito baratos e você não precisa aplicar tanta energia. É muito sustentável”, concluiu.

FONTE/CRÉDITOS: CNN Brasil

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