Um médico do Hospital Araújo Jorge foi indiciado por cobrar dinheiro para preencher um documento de apólice de seguro de vida de um paciente que morreu, em Goiânia. Segundo a Polícia Civil, ele cobrou de familiares entre R$200 a R$ 400 para fazer o documento.
O nome do médico não foi divulgado, por isso, o g1 não conseguiu localizar a defesa dele para que se posicionasse até a última atualização desta reportagem.
Em nota, o Hospital Araújo Jorge informou que a instituição orienta os profissionais a não preencherem declarações e que não compactua com infrações à lei ou com desvios éticos, o que inclui o preenchimento desses formulários (nota na íntegra ao fim do texto).
O g1 entrou em contato com o hospital, por mensagem de texto, às 8h20 desta quarta-feira (4), para saber se o médico foi afastado de suas funções, e aguarda retorno.
O indiciamento por corrupção passiva aconteceu na terça-feira (3). Segundo a PC, o filho de um paciente denunciou o profissional, que atua como médico assistente do Grupo de Apoio ao Paciente Paliativo do Hospital, pela cobrança do documento.
Os policiais ainda contaram que o filho chegou a pagar pelo documento, mas indignado, procurou a polícia para fazer a denúncia contra o médico.
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Hospital Araújo Jorge, em Goiânia, Goiás — Foto: Divulgação/HAJ
Ainda conforme a Polícia Civil, o médico não pode assinar o documento, apenas um perito especialista, o que infringe uma regra do Conselho Federal de Medicina (CFM). O homem não chegou a ser preso e não foi informado o que ele disse em depoimento.
Ao g1, o CFM informou que, por se tratar de uma instância que está em grau de recurso, o conselho não comenta casos específicos.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou que não tem conhecimento desta denúncia, mas vai acompanhar o caso e verificar se houve infração ética na conduta do profissional.
A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap) ainda informou que, caso outros familiares de pacientes tenham passado pela mesma situação de cobrança, que entrem em contato pelo Disque Combate à Corrupção - 181.
Nota do Hospital Araújo Jorge
Com relação ao pedido do g1 Goiás, a Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG), mantenedora do Hospital de Câncer Araújo Jorge, esclarece que:
O preenchimento de relatório de seguradora configura ATIVIDADE PERICIAL, motivo pelo qual a instituição orienta os integrantes do seu Corpo Clínico a não preencherem tal declaração;
Além disso, a ACCG não compactua com infrações à lei ou com desvios éticos- o que inclui o preenchimento desses formulários, o que é expressamente proibidos por Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM);
Com relação aos fatos apurados pela Polícia Civil do Estado de Goiás, a ACCG irá se inteirar para tomada de posição.